quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Uma dor chamada Rejeição

 Ultimamente tenho feito algumas reflexões sobre o impacto da rejeição dos pais por seus filhos, quando os mesmos já se encontram na fase adulta.
 A rejeição é bastante poderosa. Deixamos de fazer muitas coisas pelo simples medo de sermos rejeitados até por pessoas que não tem nenhuma ligação emocional conosco.
 Imagine profissionais da área de vendas, que precisam oferecer seus produtos da maneira mais atrativa possível para atrair clientes e obter sucesso no seu trabalho. É comum que muitos possam ouvir clientes reclamarem, ou não darem importância, e até mesmo serem grosseiros. Torna-se imprescindível que os profissionais sejam mestres na superação da rejeição.
 Racionalmente, não seria nada de mais oferecer um serviço ou produto a alguém. O pior que pode ocorrer é se ouvir um não. Mas emocionalmente isto não é tão simples.
 A rejeição costuma deixar marcas na autoestima. Ainda mais quando a pessoa é rejeitada na infância pelos pais. Nesse caso, as marcas podem ser bastante profundas e influenciar o comportamento pelo resto da vida caso a pessoa não perceba e nem trate o sentimento.
 Pode ocorrer rejeição de inúmeras formas: abandono dos pais, encaminhamento para adoção, filhos que se sentem preteridos e percebem outro irmão como sendo mais querido (mesmo que isto seja apenas uma crença distorcida, e não um fato), filhos que são criticados demais, não elogiados e comparados negativamente com outras crianças, altamente controlados e carentes.
 Na vida adulta, a rejeição pode ocorrer de outras maneiras: casamentos desfeitos, namoros rompidos, perda de emprego ou cargo, humilhações e/ou tratamentos diferenciados no trabalho, amizades desfeitas, entre outros.
 Mas por que é que dói tanto ser rejeitado? O que acontece quando alguém é rejeitado ou se sente rejeitado por alguma atitude de uma terceira pessoa é o surgimento de um sentimento de menos valia. Os questionamentos perturbadores, fazem com que a pessoa rejeitada, no fundo, acabe sentindo que tem algo de errado em si mesma.
 Esse sentimento de que parece que tem algo de errado com ela na maioria das vezes não é bem percebido. Essa é a causa maior da dor: achar que a rejeição ocorreu por que há um “defeito” na pessoa e isso que a levou a ser descartada, desprezada, abandonada, rejeitada. 
 A pessoa busca a explicação, não encontra, e, inconscientemente, é levada a sentir que tem algo de errado nela que levou a outra pessoa a rejeitá-la. No final das contas, fica implícita a conclusão: “tem algo de errado comigo, não sou bom o suficiente”.
 Imagine carregar esse sentimento desde a infância pela rejeição dos pais. Se sentir culpado por não ser uma pessoa boa o suficiente, por não corresponder às expectativas dos pais.
 Isto desencadeia também uma necessidade constante de aprovação dos pais. O filho se esforça, tenta agradar, continua sem o reconhecimento, tenta novamente agradar, e vira um círculo vicioso. Vira uma busca eterna pela aprovação.
 Outras consequências da rejeição é a raiva e a mágoa. Como a atitude de rejeição faz a pessoa se sentir menos, e isso é bastante doloroso, é natural se defender ficando com raiva do outro e buscando alternativas de fuga, tentando amenizar sua dor através de entorpecentes (isto quando a rejeição não desencadeia um transtorno mental, podendo inclusive levar a pessoa ao suicídio).
 Dentro desta perspectiva, cabe destacar a importância do fortalecimento dos vínculos afetivos desde a infância, até a fase adulta. Em casos de sofrimento, desequilíbrio emocional, abandono, não devemos sentir vergonha de procurar ajuda de profissionais que possam auxiliar nosso processo de amadurecimento e reconstrução da nossa história, com bases mais sólidas para obtermos qualidade de vida e relacionamentos saudáveis.